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O Brasil e os 70 anos da televisão

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Celebramos em 18 de setembro os 70 anos da televisão no Brasil. Em 1950, o polêmico e vanguardeiro Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (Assis Chateaubriand ou Chatô), poderoso empresário das comunicações com rede de jornais e rádios, colocou no ar comercialmente a TV Tupi em São Paulo. Antes fizera experiências com equipamentos importados e trouxera os primeiros televisores. A evolução foi rápida e a expansão por diferentes regiões também.

A estatal Embratel conectou o Brasil inteiro e este com o mundo via satélite, oportunizando grandes redes e coberturas. Em 1972, a primeira transmissão a cores, a Festa da Uva em Caxias do Sul, terra do então ministro das Comunicações. Em Santa Maria o pioneirismo de grupo local criou a TV Imembuy, mais tarde assumida pela RBS TV.

Reflito que a televisão foi veículo de uma "revolução cultural" no Brasil, outra iria acontecer com a internet e os recursos digitais mais recentemente.

A nação que recebia a nova tecnologia de comunicação de massa com imagem comportava modos muito diferenciados de vida, produção, cultura. Havia um modo moderno que buscava ser contemporâneo ao mundo desenvolvido e usava modismos comportamentais atualizados. Também, um modo tradicional em fase anterior de capitalismo na produção, isolado da ordem internacional, com dificuldade para assimilar avanço tecnológico, mais demorado nas mudanças comportamentais, preservando valores e hábitos seculares.

A televisão jogou maneira de viver e relacionar-se e as tecnologias modernas sobre o tecido social tradicional despreparado para tamanho impacto. Produziu certa uniformização, possibilitou o desenvolvimento e acelerou a evolução. Todavia, desmontou valores e hábitos familiares e de convívio, desajustou pessoas e coletividades despreparadas para tais mudanças. Ela tem méritos e responsabilidades em grandes avanços e na crise social e ética em que mergulharam parcelas da população. O Brasil, para o bem e para o mal, nunca mais foi o mesmo com a televisão.

Logo a teledramaturgia brasileira tornou-se pujante e criadora de novos padrões estéticos, agindo avassaladoramente sobre costumes, valores e hábitos tradicionais. O mundo a admirou e novela virou item de exportação.

Na política a primeira forma de acesso à tevê - programas ao vivo e completamente gratuitos - oportunizou a ascensão de novas lideranças oriundas de movimentos sociais, especialmente em 1974. Mais tarde o padrão estético da tevê brasileira transformou o programa gratuito na parte mais cara da campanha eleitoral, gerando o papel dominante dos marqueteiros e distorções que presenciamos.

Nestes 70 anos, as transformações foram profundas no Brasil. A televisão foi veículo disseminador dos impulsos e conteúdos que levaram às mudanças. Contribuiu para modernizar e melhorar. E também para desestabilizar e desorganizar costumes, hábitos e valores tradicionais.

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